Terça-Feira, 16 de abril de 2024

Ato heroico e morte sem explicação

Publicado em 30/05/2022. https://jornalterral.com.br/t-3Kn

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Afinal, quem foi Caboclo Bernardo? Existem várias narrativas e abordagens – e é de bom tom que todas sejam consideradas, respeitadas e avaliadas. Nos parágrafos que seguem, o TERRAL abre espaço para o livro Linhares – 199 anos de História e Desenvolvimento, lançado em 1999 pela D. Porto Editora.

Na obra, os jornalistas e autores Daniel Porto e Elber Suzano registraram que Bernardo José dos Santos nasceu no dia 16 de junho de 1859 na Barra do Rio Doce, hoje Regência, filho de Carolina dos Santos e Manoel dos Santos, o Manduca. Casado com dona Maria Cearense, não teve filhos.

Sobre seu feito, diz-se que na madrugada do dia 7 de setembro de 1887 o vapor da Marinha Imperial Marinheiro, com 142 tripulantes e sob o comando do tenente Arthur Índio do Brasil bateu contra o Pontal do Rio Doce. Pela manhã um escaler tripulado por 12 homens foi à praia em busca de salvamento. O mar ainda agitado despedaçou o barco, matando um dos marinheiros.

Bernardo, que assistia a tudo, nadou até o vapor, puxando o cabo levado pelo barco. Foi providenciada uma chalana de fundo chato (que tombou várias vezes nas travessias do tipo vai-e-vem), possibilitando assim o salvamento de 128 marinheiros.

Seu heroísmo foi prontamente reconhecido. Foi chamado a Vitória, onde desembarcou no dia 20 de setembro, a convite do presidente da Província, Antonio Leite de Almeida. Nove dias depois, a bordo do navio Espírito Santo, foi levado à Corte, no Rio de Janeiro, sendo recebido com flores e hospedado na residência do Barão de Vinhedas.

O Clube Naval também lhe prestou homenagens e, em seguida, no Palácio Impedial, a Princesa Isabel o condecorou com uma medalha, “pelos serviços prestados à Nação”.

O reconhecimento não ficou só nisso. No dia 18 de dezembro, por decreto, D. Pedro II oferecia uma mesada para Bernardo se educar na Europa. Pela modéstia de seus pais, a oferta foi recusada, assim como um alto cargo na Capitania dos Portos. Bernardo preferiu voltar para a Barra do Rio Doce e tocar sua vida.

O assassinato de Caboclo Bernardo nunca teve explicação. Lionel Fernandes de Almeida apenas o viu na janela, por volta das 17 horas do dia 3 de junho de 1914 e disparou um tiro de garrucha, alegando que havia atirado em “um papagaio comendo banana”. Condenado a 17 anos de prisão, Lionel cumpriu apenas seis. Morreu em Linhares em 1946, paralítico, aos 72 anos.

Ainda no livro, Daniel Porto e Elber Suzano ressaltam que a morte do pescador Bernardo deixou desolada a comunidade de Regência, na foz do Rio Doce, em Linhares. “Heróis não se matam. E se os veneram, não foi em vão que Caboclo Bernardo é venerado por seu ato heroico”, destacam.

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