Terça-Feira, 28 de outubro de 2025

Depois de 50 anos, rodoviária de Linhares começa a virar realidade

Publicado em 23/08/2025. https://jornalterral.com.br/t-79yE

Cid Costa / Governo – ES

O vice-governador Ricardo Ferraço, prefeito Lucas Scaramussa e presidente da Ales, Marcelo Santos, assinam ordem de serviço, ao lado de outras lideranças

A prefeitura de Linhares e o governo do Espírito Santo confirmaram na quinta-feira (21) a construção da tão esperada rodoviária no município. O anúncio foi feito pelo prefeito Lucas Scaramussa, vice-prefeito Franco Fiorot, governador Renato Casagrande e vice-governador Ricardo Ferraço. Com o anúncio, uma promessa feita há 50 anos começa a virar realidade.

A empresa vencedora do procedimento licitatório é a Vale do Ouro, conforme publicação do Diário Oficial do Espírito Santo do dia 20. A assinatura da ordem de serviço ocorreu na sexta-feira (22), em meio às comemorações dos 225 anos de fundação de Linhares. A rodoviária será construída numa área pública situada perto da loja Havan, BR 101 e aeroporto.

A obra é uma parceria entre a prefeitura e o governo estadual, com investimento de R$ 14,19 milhões, ficando o município responsável por 50% e o estado pelos outros 50%. Terá mais de 13 mil metros quadrados de área e capacidade para atender 300 mil passageiros por ano. Para a construção serão contratados cerca de 200 trabalhadores.

A estrutura contará com 11 plataformas para ônibus, 130 vagas de estacionamento, espaço para táxis e veículos de aplicativos, banheiros, lojas comerciais, praça de alimentação, área administrativa e 350 assentos para passageiros e acompanhantes. Pelo contrato, a empresa vencedora da licitação tem prazo de 660 dias para conclusão dos trabalhos.

Na sexta-feira (22), ao lado do vice-governador, o prefeito Lucas Scaramussa afirmou: "É com muita alegria que estamos celebrando esse investimento, fruto de uma parceria com o governo para melhorar a infraestrutura em nosso município, para nossa população. Não é promessa; é o início da tão sonhada obra".

Além de Ferraço e Lucas, participaram da assinatura da ordem de serviço: o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, deputado Marcelo Santos, o vice-prefeito Franco Fiorot, vereadores, ex-deputados estaduais e outras lideranças políticas de Linhares e região.

Divulgação

Projeção de como ficará a obra após a sua conclusão

 

Obra começou a ser anunciada na década de 1970

Daniel Porto

A agência da Águia Branca é chamada erroneamente de rodoviária

Por Daniel Porto

A possível construção da rodoviária de Linhares é abordada pelo TERRAL desde o surgimento do veículo, em 1990, mas o assunto começou a ser discutido bem antes – na década de 1970. Enquanto a obra não sai, as empresas de ônibus operam na cidade ao lado de bares e a agência da Águia Branca é chamada erroneamente de rodoviária.

Durante a primeira gestão do prefeito Samuel Batista Cruz, no período 1973-1976, ele determinou que fosse colocada uma placa perto do parque de exposições, entre os bairros Interlagos e Novo Horizonte (então conhecido como Casas Populares), com os dizeres: “Futuras instalações da rodoviária de Linhares”.

Na época, para chegar ao Interlagos caminhando, de bicicleta ou de carro era necessário seguir pela região do bairro Novo Horizonte. Se não fosse usando esse trajeto, só nadando ou por meio de pequenas embarcações, pois a ponte - aterro ligando o Interlagos ao bairro Araçá foi inaugurada em 1976 e a ponte que dá acesso ao bairro Shell, em 2012.

Com o passar dos anos, a prefeitura foi se desfazendo de áreas públicas. Em 1969 já havia doado um terreno para o Sindicato Rural Patronal, onde hoje funciona o parque de exposições; e na década de 1970 doou uma área para a Associação Banestes Linhares, que depois dos anos 2000 foi vendida por associados a alguns empresários. Com isso, a placa acabou sendo retirada e a rodoviária não saiu do papel.

O assunto continuou em evidência. Em outubro de 1980, estudo divulgado pela então Fundação Jones dos Santos Neves, hoje Instituto, destacava a necessidade de uma estação rodoviária e indicava até o local adequado: “nas três quadras vagas entre a BR-101 e as ruas Rufino de Carvalho e Augusto Pestana e a avenida Augusto Calmon, no Centro da cidade”.

“Na área disponível, atualmente de propriedade particular, poderia, além da rodoviária, ser instalado, também, o terminal de transporte coletivo urbano”, registra o documento. Linhares contava com 63 mil habitantes e gerava uma demanda diária por transporte coletivo interurbano e intramunicipal de 107 chegadas e 107 partidas.

Os veículos pertenciam a sete empresas, embora a maior concentração de linhas estivesse somente com duas: a Joana Darc e a Águia Branca. Nas décadas seguintes, prefeitos, vice-prefeito e secretários municipais chegaram a conceder entrevistas dizendo que tinham projetos prontos visando à construção da desejada rodoviária.

No primeiro governo de José Carlos Elias (1993-1996), o vice-prefeito Ronaldo Lopes fez um movimento para que o estádio Joaquim Calmon, que era utilizado pelo América Futebol Clube, no bairro Shell, fosse desapropriado para abrigar a rodoviária. A área acabou sendo vendida, anos mais tarde, por herdeiros de Joaquim Calmon para um grupo empresarial.

Na segunda gestão de José Carlos Elias (2005-2008), o então secretário de Desenvolvimento, Edval Antônio Sant’Ana, disse que havia um estudo em andamento visando viabilizar a construção da rodoviária no bairro Aviso, perto do Sesi-Senai.

Em julho de 2014, na gestão do prefeito Jair (Nozinho) Corrêa (2013-2016), o secretário de Desenvolvimento Rodrigo Paneto anunciou a intenção de construir um terminal rodoviário às margens da BR 101, no km 146, sentido bairro Canivete-Centro, próximo ao aeroporto.

A obra teria capacidade para atender até 600 mil embarques por ano, numa área de 40 mil metros quadrados e 15 mil metros de área edificada, dentre outros detalhes. O terreno pretendido pelo município seria objeto de desapropriação ou permuta. O projeto gerou polêmica na câmara, com vereadores de oposição questionando o possível negócio, e chegou ao ministério público.

A permuta da área foi aprovada pelos vereadores em 12 de janeiro de 2015, em sessão extraordinária. O projeto enviado pelo executivo autorizava a permuta de áreas do município por uma área maior, situada às margens da BR-101, perto da entrada do bairro Linhares 5 e do aeroporto, para construção do terminal de passageiros.

Houve questionamento no ministério público quanto aos procedimentos adotados para a permuta e possível construção do terminal rodoviário. “No fim o projeto não saiu do papel. Pior: saiu do papel e foi para a lata de lixo”, desabafou um vereador.

Em 2020, após ser eleito prefeito de Linhares pela quinta vez, Guerino Zanon chegou a dizer que a construção de uma estação rodoviária era um dos principais projetos que pretendia colocar em prática. “Estamos procurando uma área ideal para receber as obras da rodoviária”, disse ao portal Em Dia ES em 23 de novembro de 2020. Ele deixou o cargo em 31 de março de 2022.

No dia 3 de fevereiro de 2023 o governador Renato Casagrande esteve em Linhares para inaugurar as obras de interligação da rede de distribuição de gás ao gasoduto de transporte Cacimbas - Vitória. Na oportunidade, questionado pela reportagem do TERRAL se o governo teria como contribuir para a construção de uma rodoviária em Linhares, Casagrande respondeu:

“[O governo] tem como contribuir. É só o prefeito [Bruno Marianelli] apresentar projeto que temos recursos para isso e com toda certeza nós poderemos dar essa contribuição sim. Linhares é uma cidade grande que precisa de fato de uma rodoviária”.

No dia 27 de junho de 2024 o então prefeito Bruno Marianelli promoveu um evento perto do aeroporto para anunciar que Linhares teria um terminal rodoviário. Porém, não foram divulgadas informações detalhadas sobre o processo licitatório e nem sobre o início das obras. Bruno não foi reeleito nas eleições de outubro e deixou o cargo em 31 de dezembro de 2024.

Agora, em agosto de 2025, a prefeitura de Linhares e o governo do Espírito Santo anunciam o início da obra com prazo de conclusão em 660 dias.

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