Terça-Feira, 7 de maio de 2024

Exclusivo: Governo do ES quer contribuir com construção de rodoviária em Linhares

Publicado em 03/02/2023. https://jornalterral.com.br/t-N26

Por Daniel Porto

Daniel Porto - TERRAL

Renato Casagrande: “Linhares é uma cidade grande que precisa de fato de uma rodoviária”

O governador Renato Casagrande (PSB) esteve em Linhares na sexta-feira (3) inaugurando as obras de interligação da rede de distribuição de gás ao gasoduto de transporte Cacimbas - Vitória. Na oportunidade, questionado pela reportagem do TERRAL se o governo do Estado tem como contribuir com a construção de uma rodoviária em Linhares, Casagrande respondeu:

“[O governo] tem como contribuir. É só o prefeito [Bruno Marianelli] apresentar projeto que temos recursos para isso e com toda certeza nós poderemos dar essa contribuição sim. Linhares é uma cidade grande que precisa de fato de uma rodoviária”.

Clique aqui e ouça o áudio.

Problema se arrasta desde a década de 1970

Daniel Porto - TERRAL

Situada no Centro de Linhares, a agência da Águia Branca é chamada erroneamente de rodoviária

A promessa de construção de uma rodoviária em Linhares pelas administrações públicas teve início na década de 1970. O assunto é relevante e por isso é abordado pelo TERRAL desde o surgimento do veículo, em 1990. Enquanto isso, viações operam com dificuldade ao lado de bares e a agência da Águia Branca é chamada erroneamente de rodoviária.

As brigas políticas que ocorrem no município prejudicam os moradores e impedem a chegada de obras importantes. O caso da rodoviária é um dos mais emblemáticos. A discussão em torno de sua construção começou nos idos de 1970 e se arrasta até os dias atuais.

Durante a sua primeira gestão como prefeito de Linhares, no período 1973-1976, Samuel Batista Cruz mandou colocar uma placa perto do parque de exposições, entre os bairros Interlagos e Novo Horizonte, com os dizeres: “Futuras instalações da rodoviária de Linhares”.

Na época não havia a ponte/aterro ligando os bairros Araçá e Interlagos e a ida ao Interlagos caminhando, de bicicleta e de carro era possível pelo Novo Horizonte. Polêmica vai, polêmica vem, a obra ficou só na placa.

Em outubro de 1980, um estudo divulgado pela então Fundação Jones dos Santos Neves, hoje Instituto, destacava a necessidade de uma estação rodoviária e indicava até o local adequado: “nas três quadras vagas entre a BR-101 e as ruas Rufino de Carvalho e Augusto Pestana e a avenida Augusto Calmon, no Centro da cidade”.

“Na área disponível, atualmente de propriedade particular, poderia, além da rodoviária, ser instalado, também, o terminal de transporte coletivo urbano”, registra o documento. Na época, Linhares contava com 63 mil habitantes e gerava uma demanda diária por transporte coletivo interurbano e intramunicipal de 107 chegadas e 107 partidas.

Os veículos pertenciam a sete empresas diferentes, embora a maior concentração de linhas estivesse somente com duas empresas: a Joana Darc, no caso dos ônibus intramunicipais, e a Águia Branca, no caso dos ônibus regionais, atendendo o norte do Estado e o sul da Bahia.

Nas décadas seguintes prefeitos, vice-prefeito e secretários municipais chegaram a conceder entrevistas dizendo que tinham projetos prontos visando à construção da desejada rodoviária.

No primeiro governo de José Carlos Elias (1993-1996), o vice-prefeito Ronaldo Lopes chegou a fazer um movimento para que o estádio Joaquim Calmon, que pertencia ao América Futebol Clube, no bairro Shell, fosse desapropriado para abrigar a rodoviária.

Na segunda gestão de José Carlos Elias (2005-2008) o secretário de Desenvolvimento, Edval Santana, disse que havia um estudo para construir a rodoviária no bairro Aviso, perto do Sesi-Senai.

Em julho de 2014, na gestão do prefeito Nozinho Corrêa (2013-2016), o secretário de Desenvolvimento, Rodrigo Paneto, anunciou a intenção de construir um terminal rodoviário às margens da BR 101, no KM 146, sentido bairro Canivete-Centro, próximo ao aeroporto.

A obra teria capacidade para atender até 600 mil embarques por ano, numa área de 40 mil metros quadrados e 15 mil metros de área edificada, dentre outros detalhes.

A área pretendida pelo município seria objeto de desapropriação ou permuta. O projeto gerou polêmica na câmara, com vereadores de oposição questionando o possível negócio, e chegou ao ministério público. Por fim, nada foi concretizado.

Em 2020, após ser eleito prefeito de Linhares pela quinta vez, Guerino Zanon chegou a dizer que a construção de uma estação rodoviária era um dos principais projetos que pretendia colocar em prática. “Estamos procurando uma área ideal para receber as obras da rodoviária”, disse ao portal Em Dia ES em 23 de novembro de 2020. Ele deixou o cargo em 31 de março de 2022.

Projeto aprovado pelos vereadores em 2015 não deu em nada

Daniel Porto – TERRAL

A permuta da área foi aprovada pelos vereadores em 12 de janeiro de 2015

No dia 12 de janeiro de 2015 os vereadores de Linhares aprovaram, em sessão extraordinária, o projeto de lei nº 09/2015, enviado pelo prefeito Nozinho Corrêa, que autorizava a permuta de áreas do município por uma área maior, situada às margens da BR-101, perto da entrada do bairro Linhares 5 e do aeroporto, para construção do terminal de passageiros.

Dos vereadores presentes à sessão, quase todos foram favoráveis ao projeto. As exceções foram Amantino Pereira Paiva, que votou contra, e José Cardia, que se absteve. O então presidente da câmara, Miltinho Colega, justificou o voto favorável.

Segundo ele, a permuta não comprometia as áreas pertencentes ao município nos diversos bairros, uma vez que em todos eles ainda ficariam terrenos da municipalidade com dimensões maiores que as trocas efetuadas. “Nenhum bairro será prejudicado”, frisou.

Miltinho acrescentou: “Linhares não pode ser um município grande e pensar pequeno. Ficamos décadas e mais décadas sem rodoviária, sedes da prefeitura e da câmara, sem centro de convenções, estádio municipal e outras obras importantes. Agora estamos virando essa triste página”.

Os vereadores Estéfano Silote, Teixeira, Zeca Correia, Fabrício Lopes e Joel Celestrini também defenderam a implantação da rodoviária. “A obra é muito importante e precisa ser construída. Com essa decisão, de cada 100 habitantes de Linhares, o poder público está agradando 98 e desagradando 2”, afirmou Estéfano.

Ao justificar o seu voto, Zeca Correia ressaltou: “O parecer favorável da comissão que presido [a de Finanças] foi consciente. Estou aqui no legislativo para ajudar, e não para atrapalhar a população de Linhares”. Já Teixeira destacou: “O povo quer essa obra e temos a obrigação de atender a vontade dos moradores do município”.

Houve questionamento no ministério público e na justiça quanto aos procedimentos adotados para a permuta e possível construção do terminal rodoviário. “No fim o projeto não saiu do papel. Pior: se saiu do papel foi para a lata de lixo”, desabafou um vereador.

Município registra outros problemas

Arquivo TERRAL

O Residencial Mata do Cacau começou a ser construído em 2010 e ainda não foi entregue às famílias que necessitam do benefício

Além da falta de rodoviária e de estádio municipal, Linhares tem outras carências. Faltam: gestão no turismo, calendário cultural, teatro de porte, centro de eventos, centro administrativo para a prefeitura e centro para congregar as forças de segurança. O município sofre também com as lagoas poluídas, loteamentos irregulares e clandestinos, déficit habitacional etc.

Sobre a falta de moradias, cabe registrar que 917 unidades do Residencial Mata do Cacau, iniciadas em 2010, ainda não foram entregues às famílias que necessitam do benefício. O conjunto fica após o bairro Aviso, às margens da rodovia Paulo Pereira Gomes, que liga a área urbana da cidade ao balneário Pontal do Ipiranga.

Outras obras relevantes também ficaram pelo caminho, como a construção da unidade administrativa da Petrobras e a instalação de uma extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), anunciadas para Linhares e implantadas em São Mateus.

Um caso em questão começou com problemas e em razão de outras circunstâncias teve final feliz. No início da década de 1980 foi iniciada em Linhares a construção de uma escola técnica federal (hoje Instituto Federal do Espírito Santo, Ifes) e a obra foi abandonada ainda no alicerce.

No entanto, o desejo da população foi concretizado em 2008, com o efetivo funcionamento do Ifes. A prefeitura doou a área e o imóvel no bairro Aviso e o governo federal assumiu os demais custos operacionais. Na época o prefeito era José Carlos Elias (gestão 2005-2008) e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (gestão 2007-2010).

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