Fotos: Daniel Porto - TERRAL

Demóstenes Seidel Porto: voz grave e repertório romântico
Por Daniel Porto
Quem mora ou circula por Linhares talvez já tenha ouvido falar em Demóstenes Seidel Porto, o Ererê. Décadas atrás, com voz grave, dedilhando o violão e fazendo acordes naturais, ele se apresentava em casas noturnas da cidade e em municípios como Conceição da Barra. Dessa forma, aproximava casais e animava rodas de amigos. O repertório era romântico e as músicas, definidas como “seresta”.
Ererê trabalhou boa parte da vida como pintor. Agora, com mais de 80 anos, aposentou o violão e os pinceis. Morador antigo do bairro São José e comunicativo, tentou a sorte na política, disputando a vereança em 1982 pelo MDB e em 1988 pelo PSB. Na primeira disputa obteve muitos votos; na segunda, um pouco menos. Em ambas, não alcançou a vitória.
Gosta de contar que conheceu o cantor Altemar Dutra na juventude e que não seguiu para outros estados “porque queria ficar perto da família”. Como consolo, teve o nome anunciado diversas vezes em programa de auditório que era transmitido por emissora de TV do estado. Quem divulgava era o empresário e jurado Douglas Seidel, seu primo – e fã.
Uma passagem marcante na trajetória de Ererê ocorreu quando, na década de 1970, o famoso cantor Nelson Gonçalves, então no auge, se apresentou no Guararema Clube, em Linhares. Na época, um grupo de amigos, que gozava de ótima situação financeira, começou a reivindicar a participação de Ererê no show. E Nelson, educadamente, o convidou para cantar.
Após a elogiada participação, Ererê teve o nome gritado com entusiasmo pelos amigos e foi carregado nos braços. Uma pessoa que estava no evento conta que o grupo havia consumido boas doses de bebida alcoólica. “Além disso, o cachê combinado com o Nelson Gonçalves já estava na conta dele. Talvez por isso ele tenha levado a situação numa boa”, acrescenta.

Ererê trabalhou boa parte da vida como pintor