Sábado, 7 de setembro de 2024

Moradores aguardam mais informações sobre rodoviária

Publicado em 26/06/2024. https://jornalterral.com.br/t-L1py

Por Daniel Porto

Daniel Porto - TERRAL

Situada no Centro de Linhares, a agência da Águia Branca é chamada erroneamente de rodoviária

A prefeitura de Linhares programou para quinta-feira (27) o anúncio da construção do terminal rodoviário do município. A cerimônia está prevista para as 18h30, no estacionamento do aeroporto regional, e terá à frente o prefeito Bruno Marianelli. A iniciativa pode encerrar uma reivindicação dos moradores que teve início na década de 1970, ou seja, há cerca de 50 anos.

O assunto é relevante e por isso é abordado pelo TERRAL desde o surgimento do veículo, em 1990. Em Linhares, as viações operam ao lado de bares e a agência da Águia Branca é chamada erroneamente de rodoviária.

Placa na década de 1970

Durante a sua primeira gestão como prefeito, no período 1973-1976, Samuel Batista Cruz mandou colocar uma placa entre os bairros Interlagos e Novo Horizonte com os dizeres: “Futuras instalações da rodoviária de Linhares”. Polêmica vai, polêmica vem, a obra ficou só na placa.

Na época não havia a ponte/aterro ligando os bairros Araçá e Interlagos, inaugurado somente em 1976, e a ida ao Interlagos: caminhando, de bicicleta e de carro era possível pelo bairro Novo Horizonte. No local existiam áreas que pertenciam ao município e foram doadas, causando prejuízos à população.

Moradores citam a área do parque de exposições, que teria sido doada pela prefeitura para o Sindicato Rural Patronal, e um terreno doado para a Associação Banestes Linhares, que tempos depois foi vendido pelos associados para alguns empresários.

Estudo em 1980

Em outubro de 1980, um estudo divulgado pela então Fundação Jones dos Santos Neves, hoje Instituto, destacava a necessidade de uma estação rodoviária e indicava até o local adequado: “nas três quadras vagas entre a BR-101 e as ruas Rufino de Carvalho e Augusto Pestana e a avenida Augusto Calmon, no Centro da cidade”.

“Na área disponível, atualmente de propriedade particular, poderia, além da rodoviária, ser instalado, também, o terminal de transporte coletivo urbano”, registra o documento. Na época, Linhares contava com 63 mil habitantes e gerava uma demanda diária por transporte coletivo interurbano e intramunicipal de 107 chegadas e 107 partidas.

Os veículos pertenciam a sete empresas diferentes, embora a maior concentração de linhas estivesse somente com duas empresas: a Joana Darc, no caso dos ônibus intramunicipais, e a Águia Branca, no caso dos ônibus regionais, atendendo o norte do estado e o sul da Bahia.

Nas décadas seguintes prefeitos, vice-prefeito e secretários municipais chegaram a conceder entrevistas dizendo que tinham projetos prontos visando à construção da desejada rodoviária.

Tentativas nos anos 1990

No primeiro governo de José Carlos Elias (1993-1996), o vice-prefeito Ronaldo Lopes fez um movimento para que o estádio Joaquim Calmon, que pertencia ao América Futebol Clube, no bairro Shell, fosse desapropriado para abrigar a rodoviária. A área acabou vendida, anos mais tarde, por herdeiros de Joaquim Calmon para um grupo empresarial.

Na segunda gestão de José Carlos Elias (2005-2008), o então secretário de Desenvolvimento, Edval Santana, disse que havia um estudo em andamento visando viabilizar a construção da rodoviária no bairro Aviso, perto do Sesi-Senai.

Anúncio em 2014

Em julho de 2014, na gestão do prefeito Nozinho Corrêa (2013-2016), o secretário de Desenvolvimento, Rodrigo Paneto, anunciou a intenção de construir um terminal rodoviário às margens da BR 101, no KM 146, sentido bairro Canivete-Centro, próximo ao aeroporto.

A obra teria capacidade para atender até 600 mil embarques por ano, numa área de 40 mil metros quadrados e 15 mil metros de área edificada, dentre outros detalhes.

A área pretendida pelo município seria objeto de desapropriação ou permuta. O projeto gerou polêmica na câmara, com vereadores de oposição questionando o possível negócio, e chegou ao ministério público. Por fim, nada foi concretizado.

Prioridade a partir de 2020

Em 2020, após ser eleito prefeito de Linhares pela quinta vez, Guerino Zanon chegou a dizer que a construção de uma estação rodoviária era um dos principais projetos que pretendia colocar em prática. “Estamos procurando uma área ideal para receber as obras da rodoviária”, disse ao portal Em Dia ES em 23 de novembro de 2020. Ele deixou o cargo em 31 de março de 2022.

 

Projeto aprovado pelos vereadores em 2015 não avançou

Daniel Porto – TERRAL

A permuta da área foi aprovada pelos vereadores em 12 de janeiro de 2015

No dia 12 de janeiro de 2015 os vereadores de Linhares aprovaram, em sessão extraordinária, o projeto de lei nº 09/2015, enviado pelo prefeito Nozinho Corrêa, que autorizava a permuta de áreas do município por uma área maior, situada às margens da BR-101, perto da entrada do bairro Linhares 5 e do aeroporto, para construção do terminal de passageiros.

Dos vereadores presentes à sessão, quase todos foram favoráveis ao projeto. As exceções foram Amantino Pereira Paiva, que votou contra, e José Cardia, que se absteve. O então presidente da câmara, Miltinho Colega, justificou o voto favorável.

Segundo ele, a permuta não comprometia as áreas pertencentes ao município nos diversos bairros, uma vez que em todos eles ainda ficariam terrenos da municipalidade com dimensões maiores que as trocas efetuadas. “Nenhum bairro será prejudicado”, frisou.

Miltinho acrescentou: “Linhares não pode ser um município grande e pensar pequeno. Ficamos décadas e mais décadas sem rodoviária, sedes da prefeitura e da câmara, sem centro de convenções, estádio municipal e outras obras importantes. Agora estamos virando essa triste página”.

Os vereadores Estéfano Silote, Teixeira, Zeca Correia, Fabrício Lopes e Joel Celestrini também defenderam a implantação da rodoviária. “A obra é muito importante e precisa ser construída. Com essa decisão, de cada 100 habitantes de Linhares, o poder público está agradando 98 e desagradando 2”, afirmou Estéfano.

Ao justificar o seu voto, Zeca Correia ressaltou: “O parecer favorável da comissão que presido [a de Finanças] foi consciente. Estou aqui no legislativo para ajudar, e não para atrapalhar a população de Linhares”. Já Teixeira destacou: “O povo quer essa obra e temos a obrigação de atender a vontade dos moradores do município”.

Houve questionamento no ministério público quanto aos procedimentos adotados para a permuta e possível construção do terminal rodoviário. “No fim o projeto não saiu do papel. Pior: se saiu do papel foi para a lata de lixo”, desabafou um vereador.

 

Município registra outros problemas

Arquivo TERRAL

O Residencial Mata do Cacau começou a ser construído em 2010 e ainda não foi entregue às famílias que necessitam do benefício

Além da falta de rodoviária e de estádio municipal, Linhares tem outras carências. Faltam: gestão no turismo, calendário cultural, teatro de porte, centro de eventos, centro administrativo para a prefeitura e centro para concentrar as forças de segurança. O município sofre também com as lagoas poluídas, loteamentos irregulares e clandestinos, déficit habitacional etc.

Sobre a falta de moradias, cabe registrar que 917 unidades do Residencial Mata do Cacau, iniciadas em 2010, ainda não foram entregues às famílias que necessitam do benefício. O conjunto fica após o bairro Aviso, às margens da rodovia Paulo Pereira Gomes, que liga a área urbana da cidade ao balneário Pontal do Ipiranga.

Outras obras relevantes também ficaram pelo caminho, em décadas passadas, como a construção da unidade administrativa da Petrobras e a instalação de uma extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), anunciadas para Linhares e implantadas em São Mateus.

Um caso em questão começou com problemas e em razão de outras circunstâncias teve final feliz. No início da década de 1980 foi iniciada em Linhares a construção de uma escola técnica federal (hoje Instituto Federal do Espírito Santo, Ifes) e a obra foi abandonada ainda no alicerce.

No entanto, o desejo da população foi concretizado em 2008, com o efetivo funcionamento do Ifes. A prefeitura doou a área e o imóvel no bairro Aviso e o governo federal assumiu os demais custos operacionais. Na época, o prefeito era José Carlos Elias (gestão 2005-2008) e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (gestão 2007-2010).

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