Entre 1982 e 1986 existia um funcionário da Emcapa (hoje Incaper), lotado na Estação Experimental de Linhares apelidado de “Gordo Beré”. Sujeito gordo, meio arrogante, de péssimo humor e poucos amigos, mas, amiúde, muito chegado às meninas de reputação menos ortodoxa.
Certa noite, o Gordo, como era chamado pelos colegas, foi para o motel com uma colega de trabalho e depois de horas e horas de tálamo, perdeu a noção do tempo e quando atentou já passava das 20 horas. Desesperado, voltou rapidamente para casa já imaginando as malas de roupas na porta à espera do pródigo marido.
Para sua surpresa, encontrou a esposa sorrindo e preparando-lhe, à mesa, um bom prato, tipo “cura ressaca”, de sopa de capellete quente.
Muito assustado e ressabiado, tomou aquela sopa e nem teve tempo de terminar quando a esposa mostrou sua verdadeira intenção:
– Meu bem, posso lhe pedir um favor.
E ele meio cabreiro, mas já cheio de remorso e culpa:
– Claro amor. Até dois.
– A mamãe vai embarcar amanhã em Vitória, no vôo das 4 horas. Você se incomoda de levá-la até o aeroporto?
– com o maior prazer, respondeu ele, aliviado.
Acordaram às duas da madrugada e partiram para Vitória. Na reta do aeroporto o Gordo quis demonstrar a potência do seu velho Fiat Uno 147 e cravou 120 km/h. Subitamente, no trevo de chegada o sinal fechou e o Gordo brecou. Aí aconteceu a tragédia: uma sapatilha de cor rosa correu por baixo do banco dianteiro direito e parou junto aos pés da esposa. O Gordo gelou e pensou:
– Quenga desgraçada, esqueceu a sapatilha dentro do carro.
Num átimo, sem que a esposa percebesse, agarrou a sapatilha com as mãos e jogou-as para o lado do seu banco e, antes que o sinal abrisse, despachou, aliviado, as “maleditas” para fora do carro.
Para sua surpresa, quando estavam desembarcando, a sogra que estava sentada atrás gritou:
– Uai! Cadê minhas sapatilhas que descalcei?