O isolamento social causado pelo Coronavírus causou uma redução drástica na demanda por transporte coletivo em Linhares. A Viação Joana Darc amarga prejuízos e luta para manter 405 postos de trabalho. O número de passageiros caiu 75% em março e 60% a partir de abril, se comparado ao período anterior ao da pandemia.
De acordo com a empresa, a despesa com pessoal representa 47% do seu custo total. Informa ainda que a queda brutal na arrecadação a deixou fragilizada para quitar despesas correntes e para cumprir suas obrigações trabalhistas com os motoristas, cobradores, fiscais e com o pessoal administrativo e de manutenção.
O menor número de passageiros levou a empresa a diminuir a quantidade de veículos em circulação. Para Antonio Luiz Comério, diretor administrativo, o desequilíbrio entre oferta e demanda deixa a viação numa situação extremamente delicada.
Ele esclarece que a Joana Darc depende exclusivamente da arrecadação proveniente do pagamento das tarifas, pois não existem subsídios governamentais destinados à empresa, ao contrário de variadas cidades brasileiras, inclusive do Espírito Santo.
Além de administrar as contas com uma demanda baixa de usuários, a empresa precisou tomar medidas de prevenção não planejadas no orçamento de 2020, e que pesaram no bolso, como a compra de álcool em gel, máscaras e a liberação de alguns colaboradores em situação de risco.
Outro ponto crítico é que parte da frota parada na garagem também gera custos, como o pagamento da mão de obra contratada para a depreciação dos ativos e para o pagamento das despesas administrativas e dos tributos incidentes.
Comério ressalta que a empresa deixa de pagar apenas a parcela referente ao custo variável: combustível, pneus e câmeras e peças de reposição dos 35 carros com ar refrigerado retirados de operação por determinação legal. “Os demais custos permanecem inalterados, porque independem da circulação dos veículos”, disse.
Uma pesquisa publicada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que, dos 5.570 municípios brasileiros, 1.679, ou seja, apenas 30%, contavam com transporte por ônibus até 2017. E 3.891 municípios (70%) não possuíam esse tipo serviço.
Antonio Comério explica que, diante da realidade, Linhares corre sério risco de fazer parte do grande número de municípios brasileiros que não possuem transporte coletivo de passageiros por ônibus regular. “Sem apoio governamental, nossas forças estão acabando”, finaliza.
Daniel Porto – TERRAL
Antonio Comério: “Sem apoio governamental, nossas forças estão acabando”