Sandro Garcia
Ações em 1800 são usadas como referência para fundação de Linhares
PML
Vista e perspectiva do Povoado de Linhares em 1819
Em 1800, para proteger os moradores (e outros que viriam) dos índios, o governador da Capitania do Espírito Santo, Antonio Pires da Silva Pontes, subiu o rio Doce, a partir da sua foz, e fundou vários quarteis militares. Primeiro, o de Regência Augusta, nome dado em homenagem a D. João VI que, na época, era Regente em Portugal.
Cerca de 40 quilômetros acima, fundou o Quartel Coutins, nome dado em homenagem a Dom Rodrigo de Souza Coutinho, Senhor de Pancas e Coutins, em Portugal, ministro da Marinha e Negócios Ultramarinos do Reino, que incentivara de longe a abertura da navegação fluvial e povoamento do rio.
Em volta desse quartel surgiu uma modesta povoação, que foi atacada várias vezes pelos índios e destruída em 1808, quando os soldados haviam se ausentado para acudir outro povoado rio acima.
Nesse mesmo ano, outro governador da Capitania, Manoel Vieira de Albuquerque Tovar, subiu o rio e reconstruiu o quartel e o povoado, dando então o nome de Linhares, uma vez que Dom Rodrigo, naquela época, tinha sido agraciado com o título de Conde de Linhares, pois mudara com a Família Real para o Brasil, isto também em 1808.
História destaca primeiro colono e duas emancipações
Ariana Arimura
A inauguração da Ponte Presidente Getúlio Vargas, em 1954, impulsionou o desenvolvimento de Linhares
Em 1809, o governador Manoel Vieira de Albuquerque Tovar convidou lavradores que quisessem se estabelecer em Linhares, oferecendo vantagens. João Filipe Du Pin Almeida Calmon, proprietário de terras entre Itapemirim e Benevente, veio para Linhares com a família em novembro daquele ano.
Em 1827 teve início o processo de emancipação político-administrativa de Linhares, e no dia 2 de abril de 1833, tendo o povoado 713 habitantes, foi elevado à categoria de vila. No dia 22 de agosto de 1833 instalou-se a primeira câmara de vereadores. À época, a câmara era a representação do governo local.
No início do século XX Linhares enfrentou problemas econômicos e dificuldades de transporte e abastecimento, provocados, principalmente, pela instalação da Estrada de Ferro Diamantina, cujo traçado passava por Colatina.
O abalo econômico levou a sede do município para Colatina e a perda da independência da vila de Linhares em 1921. A partir daí, até dezembro de 1943, Linhares passou a ser distrito de Colatina.
O investimento no plantio de cacau e os esforços dos governadores Jerônimo Monteiro e Nestor Gomes despertaram o interesse de agricultores por meio de situações atraentes para maior desenvolvimento da lavoura.
Com base nos resultados positivos. o município foi recriado em 31 de dezembro de 1943, por meio do decreto nº 15.177, assinado pelo governador Jones dos Santos Neves. Roberto Calmon, primeiro filho de Linhares a se formar em medicina, foi nomeado primeiro prefeito. Dois fatos impulsionaram o crescimento de Linhares naquele período.
Um foi a construção da ponte Presidente Getúlio Vargas, inaugurada pelo presidente Vargas em 22 de junho de 1954, ao lado do prefeito Joaquim Calmon e outras autoridades; o outro, o asfaltamento da rodovia BR 101, entre João Neiva e Linhares, inaugurado em outubro de 1972 pelo ministro dos Transportes Mário Andreazza.
A data festiva foi instituída pelo prefeito Joaquim Calmon em 15 de agosto de 1951 e fixada em 22 de agosto em virtude de sua primeira emancipação.
Município está localizado numa planície
Arquivo TERRAL
A sede do município apresenta topografia plana e ruas e avenidas largas
Situado no Norte do Espírito Santo, Linhares ocupa uma área de 3.496.263 quilômetros quadrados, a maior dentre os municípios do Estado. Possui 166.786 habitantes, conforme dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A sede está localizada na planície do Rio Doce, apresentando topografia plana e ruas e avenidas largas.
A costa atlântica é formada por belas praias, situadas numa distância média de 45 quilômetros da sede do município. Linhares também possui reservas biológicas, dezenas de rios e lagoas e uma bonita cachoeira no distrito de São Rafael.
Linhares ocupa posição importante na economia
Arquivo TERRAL
Linhares possui o maior polo moveleiro do Estado e um dos mais estruturados do Brasil
Linhares ocupa uma posição importante na economia capixaba. Destaca-se na agropecuária – diversificada e moderna. É um grande produtor de leite e o maior produtor de cacau do Espírito Santo. Também produz bastante mamão, cana de açúcar, laranja, maracujá, café, pimenta do reino, banana, coco e outras culturas.
É forte na indústria de móveis, sendo o maior polo moveleiro do Estado e um dos mais estruturados do Brasil. Possui a maior área territorial do Espírito Santo e detém reservas de granito, petróleo e gás natural.
Linhares é um dos mais importantes polos de desenvolvimento do Norte do Estado, reunindo bancos, comércio, indústria e faculdades, além de se destacar no setor de prestação de serviços, em diversos segmentos.
A partir de 1998, com a sua inclusão na área de influência da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), diversos projetos para instalação de indústrias foram viabilizados. Com isso, os segmentos econômicos do município se estruturaram, atraindo novos empreendimentos para a região.
A economia diversificada confere ao município o status de importante cenário para atração de investimentos, casos da Brandão Metalúrgica S/A (Brametal), Weg Motores, Perfilados Rio Doce e a empresa de café Cacique, entre outros. Houve também a implantação de agroindústrias, como a Ducoco e a Trop Fruit.
O comércio se moderniza e amplia a sua atuação, assim como a agricultura e a pecuária. Empresas produtoras e exportadoras têm participação significativa na economia e na geração de emprego. Linhares exporta mamão papaya para os mercados consumidores da Europa e dos Estados Unidos e também se destaca como produtor de petróleo e gás natural.
O potencial turístico passa pelas praias e lagoas, reservas naturais e pelo agroturismo. O município tem o maior litoral do Estado e um dos maiores complexos lacustres do Sudeste brasileiro. São mais de 60 lagoas, entre elas, a Juparanã, a segunda maior do Brasil em volume de água.
Folclore é um dos pontos altos da cultura local
PML
Bandas de congo de Regência e Povoação são referências do folclore do município
Os pontos altos da cultura linharense são o folclore, a música, a literatura e as artes plásticas. O folclore do município tem sua maior expressão em Regência e Povoação, por meio de grupos de congo.
Na música, bandas e cantores que seguem carreira solo se apresentam em clubes, bares e restaurantes.
Linhares conta com vários escritores com obras editadas e artistas plásticos que promovem exposições individuais e coletivas no município e em outras cidades.
Brasão, Bandeira e Hino são os símbolos
Divulgação
O Brasão de Linhares é uma criação do heraldista e desenhista Alberto Lima
Arquivo TERRAL
A cantora Dinorah Porto interpreta há décadas o Hino de Linhares
Linhares possui como símbolos o Brasão, a Bandeira e o Hino. Utilizado nas correspondências oficiais e reconhecido pelos poderes, o Brasão é uma criação do heraldista e desenhista Alberto Lima. O escudo português representa a origem lusitana de nossa Pátria; a árvore evidencia a região, rica em madeiras de lei.
O tronco frutado, a riqueza cacaueira do município; as quatro estrelas, os bandeirantes: Dias Arzão, Antonio Dias Adorno, Marcos Azevedo Coutinho e Martins Cão; a coroa de conde recorda D. Rodrigo de Souza Coutinho, conde de Linhares, 1º ministro do Exército do Brasil; a faixa ondada, o rio Doce; e a flor-de-lis, Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município.
A Bandeira possui faixas nas cores branca e azul e, no meio, o Brasão de Linhares. Também constam as datas de 1800, referente à fundação do Povoado de Coutins (e de Linhares), e de 1943, data da reinstalação do município – segunda emancipação político-administrativa.
O Hino de Linhares é de autoria de Francisco Correia de Amorim, responsável pela letra e melodia. O hino é interpretado há décadas pela cantora linharense Dinorah Porto, que fez questão de incluí-lo em seu primeiro CD, gravado em 2000.
Hino Oficial de Linhares
(Francisco Correia de Amorim)
É madrugada de um dia faustoso
Vinde conosco cantar, vibrar
A doce brisa deste glorioso
Rincão que muito nos cabe amar
Dourando as matas desponta a alvorada
Vinde conosco observar
Quanta beleza na caminhada
Do Rio Doce em busca do mar.
Deus guarde a terra
Que a todos nós, maternalmente
Acolhe e ampara
Em tudo abundantemente
Seu povo à glória
Conseguir possa elevá-la
Cada vez mais
Tornar feliz a sua gente.
Nesta planície tão bela do Estado
Vinde conosco observar
Tesouro imenso nos foi legado
Vasto celeiro, flora sem par
Entre as lagoas piscosas e belas
Vereis a bela, rica louçã,
Que inspirar pode magistrais telas
A majestosa Juparanã
Os principais recantos e lugares
D. Porto Editora - TERRAL
O Pontal do Ipiranga fica a 48 quilômetros do Centro de Linhares e está em franco crescimento
Linhares possui muitos recantos propícios ao lazer, à pesca e aos esportes náuticos. Um de seus principais cartões postais é a Lagoa Juparanã, que tem 38 quilômetros de extensão e contornos lindos. A lagoa conta com praias e pôr do sol de beleza poética,
Também são lugares aprazíveis: a Lagoa Nova, a Ilha do Imperador, as praias de Pontal do Ipiranga, Povoação, Regência, Degredo e Barra Seca, a Reserva Natural Vale, a Praça 22 de Agosto, a Igrejinha Velha, o Projeto Tamar (em Regência) e a Cachoeira De Angeli, situada no distrito de São Rafael.
A Ilha do Imperador fica localizada na Lagoa Juparanã e recebeu este nome por ter sido visitada pelo Imperador D. Pedro II em 1860. O presidente Getúlio Vargas também esteve na Ilha, em junho de 1954, quando lhe foi oferecido um típico churrasco gaúcho.
Situado em Regência, o Projeto Tamar é visitado por turistas e estudiosos do assunto, por ser uma das grandes áreas de desova das tartarugas marinhas, cuidadosamente preservada pelo Ibama.
O extenso litoral de Linhares conta com praias com características próprias. O Pontal do Ipiranga fica a 48 quilômetros do Centro da cidade e está em franco crescimento. Possui área de restinga, rica fauna e praia apropriada para a prática de surf, pesca e banho.
A dez quilômetros do Pontal se encontra a praia de Barra Seca, que se destina à prática do naturismo, sendo a sexta praia oficial dessa prática no Brasil. Seu acesso se dá somente por travessia de barco, o que garante a tranquilidade dos frequentadores adeptos do nudismo.
A praia de Regência está situada a 53 quilômetros do Centro de Linhares. O lugar conta com o complexo petrolífero de Lagoa Parda e com o Tamar, projeto de preservação das tartarugas marinhas, na Reserva Biológica de Comboios. A região é reconhecida como um dos maiores sítios de desova de Tartaruga Gigante no Brasil.
A Reserva de Comboios também preserva área de restinga e da Mata Atlântica, onde é possível encontrar animais como quatis, tamanduás, tatus e saguis. O encontro do Rio Doce com o mar, em Regência, oferece raro espetáculo de beleza.
A praia de Povoação, a 42 quilômetros do Centro, possui águas agitadas e grandes ondas, proporcionando excelentes condições para a prática do surf, sendo, por isso, visitada por surfistas de várias partes do Brasil. A foz do Rio Doce fica a três quilômetros do povoado e de lá se pode apreciar o belo encontro das águas do rio com o mar;
Diversos eventos são realizados durante o ano
PML
O Torneio do Trabalhador é um dos eventos expressivos de Linhares
Linhares conta com vários eventos expressivos, como a Festa da Padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, em 8 de Dezembro; o Torneio do Trabalhador, cuja final é disputada no dia 1º de Maio, e a Festa em homenagem ao herói Caboclo Bernardo, que ocorre no dia 5 de junho, em Regência.
Além das promoções citadas, várias outras são realizadas durante o ano, na sede, no interior e no litoral. Muitos desses festejos são impulsionados pelas belezas naturais do município, que tem como virtudes a mata atlântica remanescente, o bucolismo das praias e imponente complexo lacustre. A história, artesanato, cultura e gastronomia também são pontos fortes do município.
Além da exuberante natureza e das riquezas culturais, a cidade alia o lazer com o negócio, oferecendo oportunidades. Os investimentos na área de petróleo, as indústrias, o pólo moveleiro e o agronegócio têm feito de Linhares uma cidade em constante desenvolvimento – e atraente para a realização de eventos de vários tipos e voltados para diferentes segmentos.
Lista de gestores reúne 22 nomes
Arquivo TERRAL
O médico Roberto Calmon foi o primeiro prefeito de Linhares
A segunda emancipação político-administrativa de Linhares ocorreu em 31 de dezembro de 1943. Coube ao então governador Jones dos Santos Neves nomear o médico Roberto Calmon prefeito de Linhares – a posse ocorreu em janeiro de 1944. A partir daí, computando o gestor atual, 22 administradores comandaram a Prefeitura de Linhares – alguns mais de uma vez e outros sem o voto popular.
Relação dos administradores de Linhares
Roberto Calmon
Humberto Calmon Neves Fernandes
Miguel Gusman Júnior
Anário Marreiro de Araújo
Manoel Salustiano de Souza
Joaquim Calmon
José de Caldas Brito
Emir de Macedo Gomes
Armando Barbosa Quitiba
Antonio Edson de Azevedo Lima
Antenor Elias
Senatilho Perin
José Rodrigues Maciel
Samuel Batista Cruz
Antonio Muniz dos Reis
Hélio Leal
Luiz Cândido Durão
Waldemar Zardo
José Carlos Elias
Jair (Nozinho) Corrêa
Guerino Luiz Zanon
Bruno Margotto Marianelli
Mesmo perdendo parte do seu território, município é o maior do ES
Fotos: Arquivo TERRAL
Rio Bananal deixou de ser distrito de Linhares em 14 de setembro de 1979
Sooretama conquistou a sua emancipação em 31 de março de 1994
Cerca de 55% da área territorial de Vila Valério pertencia a Linhares
Linhares tem área territorial de 3.496.263 km² e 166.786 habitantes, conforme dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o maior município em extensão territorial do Espírito Santo. Mas, apesar de ainda ostentar a primeira colocação no quesito área territorial, Linhares era bem maior do que é hoje.
A segunda emancipação do município ocorreu em 31 de dezembro de 1943. A partir daí, ele perdeu o domínio sobre Rio Bananal, que se emancipou em 14 de setembro de 1979, e Córrego D’Água, que se tornou o município de Sooretama em 31 de março de 1994.
Linhares deixou de contar ainda com São Jorge da Barra Seca, Paraisópolis, Córrego do Tesouro, Jurama, Araribóia e outras localidades, que foram anexadas a uma área até então pertencente a São Gabriel da Palha, articulação que acabou viabilizando a criação e emancipação de Vila Valério em 28 de março de 1994.
Portanto, a extensão territorial de Vila Valério é formada por cerca de 45% de área que pertencia a São Gabriel da Palha e aproximadamente 55% de área que fazia parte de Linhares.
Emancipado em 14 de setembro de 1979, Rio Bananal realizou a sua primeira eleição em 15 de novembro de 1982. O prefeito eleito, Jacinto Casagrande, tomou posse no dia 1º de fevereiro de 1983 e ficou no cargo até o fim do mandato, em 31 de dezembro de 1988.
Em Sooretama e Vila Valério as eleições ocorreram em 6 de outubro de 1996. Os prefeitos Esmael Nunes Loureiro, em Sooretama, e Luizmar Mielke (Maca), em Vila Valério, foram empossados no dia 1º de janeiro de 1997 e ocuparam os seus cargos até 31 de dezembro de 2000. Maca faleceu em 8 de junho de 2019, de infecção, num hospital de Serra.