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Arthur Carlos Gerhardt Santos governou o Espírito Santo de 1971 a 1975
O governador Renato Casagrande (PSB) vai tomar posse no dia 1º de janeiro após ser eleito pelo voto popular em segundo turno, dia 30 de outubro. Porém, nem sempre foi assim. Assim que foi instaurado o regime militar (1964 - 1985), as eleições para a presidência da República passaram a ser indiretas. Na sequência, outros cargos eletivos do poder executivo tornaram-se indiretos.
O assunto em tela foi abordado pelo médico Emir de Macedo Gomes no livro Memória Política do Espírito Santo (páginas 81 a 84), em depoimento de próprio punho publicado por Antonio de Pádua Gurgel. Emir foi prefeito de Linhares e deputado estadual por sete mandatos consecutivos. Além disso, exerceu várias funções em diferentes governos estaduais.
No livro, Emir conta que, em 1969, presidia no Espírito Santo a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido que dava sustentação ao governo militar, e foi chamado para ir até Brasília, junto com o então governador Christiano Dias Lopes Filho, pelo general Médici, na época presidente da República.
No encontro, Médici mostrou projetos das grandes obras que estavam sendo feitas na Amazônia e falou detalhadamente sobre a Rodovia Transamazônica. Depois, olhou e disse: “Chamei vocês aqui para falar que escolhi o Dr. Arthur Carlos Gerhardt Santos para ser o próximo governador do Espírito Santo. Vocês têm alguma objeção?”
Na época, Arthur Carlos era presidente do Bandes. Médici disse que não o conhecia pessoalmente e que o havia escolhido a partir de informações de terceiros. “Ele olhou para mim e disse que, como presidente da Arena, eu deveria articular com Arthur a escolha do vice-governador. Eu e o Christiano concordamos, nos despedimos e fomos saindo”.
Emir prosseguiu: “Quando chegamos lá embaixo, o senador Eurico Rezende estava nos esperando e demos a notícia. Eurico disse que o senador Raul Giuberti iria ficar bastante decepcionado pois estava crente de que seria ele o governador, conforme lhe dissera o governador do Estado do Rio, Raimundo Padilha”.
Com a indicação decidida, Arthur Carlos Gerhardt Santos governou o Espírito Santo de 1971 a 1975. Ainda no livro, Emir explica porque não tentou se eleger deputado federal:
“Como presidente da Arena que fui durante muitos anos, poderia ter sido eleito deputado federal, mas nunca quis. Estávamos em plena ditadura: sempre que ia a Brasília eu olhava com tristeza para aqueles deputados que não ‘apitavam’ nada. Você chegava lá, o plenário estava vazio e ninguém ‘dava bola’ para coisa nenhuma”.
E concluiu: “Preferi ficar no Estado, pois pelo menos tinha condições de levar benefícios para o meu município – coisa que os federais não podiam fazer”.