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Rio Bananal possui uma história repleta de luta e trabalho
O TERRAL (www.jornalterral.com.br) publica reportagem especial sobre Rio Bananal, que comemora o 44º aniversário de emancipação no próximo dia 14. Para levantar as informações, o veículo recorreu a fontes, ao próprio arquivo e ao psicanalista, escritor e filósofo Aguinaldo Luiz Giuriatto, profundo conhecedor da história do município.
O trabalho produzido rendeu 11 temas e segue abaixo:
Município valoriza a sua história e conquistas
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Vista do município tendo em primeiro plano imagem viabilizada por Antonio Freitas da Silva, o Antonio Cordeiro, que foi vereador em Linhares e primeiro vice-prefeito de Rio Bananal no período 1983-1988
Rio Bananal. Princesa do café. Ribanense por gentílico de quem, por nascimento ou adoção, neste lugar abençoado por Deus e sob a proteção de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, padroeira do município e da paróquia, fez sua morada. Cidade de muitos contos, cantos e encantos – e também a terra do encontro: do passado, presente e futuro.
Lugar de recordar o passado e fazer sua memória. De olhar para o futuro como quem projeta, munido de extraordinárias e boas intenções, a vivência do presente como foco, ação e atenção. Todo cidadão se orgulha de comemorar a festa de aniversário de sua cidade, e Rio Bananal não é diferente.
Muitos ribanenses ainda ativos foram responsáveis pela emancipação concluída em 14 de setembro de 1979, após tentativas em 1963 e 1975. Para recordar, houve uma articulação para mudar o nome de Rio Bananal para Nova Fátima, em 1975, em homenagem à paróquia, criada em 13 de junho de 1953.
Em 3 maio de 1983, a lei nº 7 torna o dia 13 de maio feriado municipal e a paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, padroeira do município de Rio Bananal. Contudo, quando o processo chegou às mãos do então governador, Eurico Vieira de Rezende, antes de assinar, e em dúvida, ele chamou o amigo e vereador Antônio Freitas da Silva, o Antônio Cordeiro, para ouvir sua opinião.
Seu Cordeiro justificou a origem da povoação, assentando a ideia da tradição etc. e juntos concluíram para que permanecesse o antigo nome. Assim, consolidou-se o nome original, provindo este do “rio das bananeiras”, embora ainda mantendo duas versões sobre a questão.
Os indígenas chegaram primeiro
Walter Garbe
Os índios foram os primeiros habitantes da região
Algumas populações indígenas, como os guaranis, tupinambás, tupiniquins, os famosos botocudos (assim chamados por seus adereços estranhos nos lábios) e os gês (tapuias), que eram guerreiros e temidos, na região de Coutins (hoje Linhares), habitavam estas terras.
Atestam o fato mais de 200 sítios arqueológicos com abundantes objetos de cerâmica e ossos, conchas, e restos mortais (ossadas etc.) encontrados pelas cercanias do rio Doce e nas inúmeras lagoas espalhados pelo município de Linhares e arredores, incluindo Rio Bananal.
O exposto é prova mais que suficiente para garantir quem foram os primeiros habitantes destas terras, aí incluídos os de Rio Bananal. Contudo, como se sabe, o homem branco descendente do europeu é considerado o verdadeiro colonizador, desbravador e pioneiro.
Objetivando a posse inicial da terra, em princípio chamada de terra devoluta, em atenção à política pública de ocupação, à “lei da posse” e incentivos, muitos se aventuravam nesta busca. A forma de “invasão” se deu de maneira regular. Assim aconteceu com os nossos primeiros colonizadores.
Povoamento de colonos teve início a partir de 1900
Ronaldo Bissoli
Registro panorâmico de Rio Bananal mostrando igrejas de Santo Antônio e São Sebastião e o seminário
Não se tem com exatidão a data do início do povoamento de Rio Bananal por colonos. Pelas informações obtidas, por volta de 1900 a 1910, alguns “invasores”, como famílias pioneiras de Linhares, já procuravam por aqui terras novas e férteis e madeira de lei, como o jacarandá e a peroba, raras e preciosas.
Por volta de 1929-30, famílias como Ardizzon, Casagrande, Ceolin, Cipriano, Pontini, Faé, Rizzo, Caliman, Siqueira Campos, Venturim, Endringer, Giuriato, Mariani, entre outras, passaram a morar em Rio Bananal. De forma consistente e com sentido de permanência, elas criaram o primeiro núcleo, o de Santo Antônio, e quase concomitante o de São Sebastião e arredores.
Com essas famílias veio a cultura italiana e a religiosidade que ainda se mantém em grande parte. Por onde iam se estabelecendo levavam sua cultura, igrejas e padroeiros como santos de veneração. A devoção aos santos e santas e a Nossa Senhora nas mais diversas nominações.
Só mais recentemente, com o avanço de outras religiões e denominações, há o atual panorama de diversidade religiosa e outros credos.
Da emancipação aos dias atuais
Arquivo Público do ES
O governador Eurico Vieira de Rezende em Rio Bananal em 14 de setembro de 1979, dia da emancipação
Não foi sem luta que ocorreu em 1979 a conclusão do processo emancipatório de Rio Bananal. As tentativas em 1963 e 1975, embora não exitosas, não foram em vão. Nem todo resultado negativo resulta em derrota. A lição deixada foi clara e frutífera. Algo mais e diferente deveria ser feito. Com novas ideias e motivações, o povo se junta e inicia novo mote: “Agora vai!”
Com o engajamento dos moradores do então distrito de Rio Bananal, criado em 22 de outubro de 1949, em conjunto com as comunidades do interior, um forte movimento popular clamava por emancipação. Alinham-se ao povo muitos políticos, padres, professores e demais interessados. Todos faziam ecoar, em alto e bom som, que esse seria um movimento sem volta.
Apesar dos meandros apontados dos prós e contra foi apresentado um projeto de lei, o de nº 155/75, e os deputados estaduais, sob pressão de alguns representantes – no parlamento e fora -, votaram a matéria e a aprovaram, mas, por carência documental, o processo foi arquivado.
Em 14 de abril de 1979 é retomada a iniciativa emancipatória e o processo é desarquivado. Desta vez com todos os procedimentos necessários e legais. Plebiscito marcado para 19 de agosto de 1979 e a documentação necessária devidamente organizada. Com resultados favoráveis, a assembleia legislativa, sob a lei 3.293/79, aprova a criação do novo município.
A lei foi assinada pelo governador Eurico Vieira de Rezende em Rio Bananal em 14 de setembro de 1979, no pátio do seminário, e contou com a presença das autoridades civis e religiosas e de uma multidão. O ato foi marcado por grande festa.
Café ocupa lugar de destaque na economia
Arquivo TERRAL
O café é a principal atividade econômica do município
A principal atividade econômica do município é a produção cafeeira, em especial o conilon, que ocupa lugar de destaque no estado e no país. Outras culturas também se desenvolvem, como o coco, maracujá, mamão, pimenta do reino, milho, feijão, mandioca e a banana.
A pecuária ganha espaço na região, com produção de gado leiteiro e de corte. O comércio também demonstra forte capacidade de crescimento. São vários os empresários que investem no ramo de café e em outros segmentos.
Na área industrial o movimento econômico está nas fábricas de cachaça, esquadrias de madeiras, de fertilizantes, na produção de farinha de mandioca, móveis e sorvetes, entre outros.
Seminário foi inaugurado em 1955
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A construção do seminário envolveu a comunidade e contou com recursos da Alemanha e da Itália
Inaugurado em 19 de maio de 1955, o seminário envolveu em sua construção, além da comunidade, bom aporte de verbas da Alemanha e da Itália e um incansável trabalho dos padres pavonianos, que chegaram ao Espírito Santo como missionários em 1941.
Rio Bananal foi escolhido para sediar o primeiro seminário dos padres pavonianos. Em 1980 o espaço passou para a diocese de Vitória e depois para a diocese de Colatina, quando esta foi criada. É administrado desde 1984 pelos padres orionitas, que mantém o seminário, sede da paróquia e local para encontros, formação e reuniões, centro para festas etc.
Também merece destaque a festa da primavera, realizada desde 1983 e organizada pelas madrinhas das vocações, e a tradicional festa da padroeira da paróquia e do município, Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de maio.
Como referência de estudo e formação, pessoas de Rio Bananal e de outros municípios guardam o período ali passado, onde, com a orientação e ensinamento dos padres, irmãs e outros professores, hoje, de pessoas simples a doutores, povoam os lugares como homens de bem, cidadãos e cristãos.
A contribuição pavoniana em Rio Bananal também se faz sentir na cultura e na arte pelas pinturas das igrejas de Santo Antônio e São Sebastião – e, em Santo Antônio (Vitória), pelas pinturas da basílica -, além de outros trabalhos realizados pelo então clérigo pavoniano, o italiano Alberto Bogani.
Em 2013 ele esteve no município para comemorar, junto com o povo ribanense, os 50 anos das pinturas das igrejas, consideradas as mais lindas do estado.
Também merece registro a chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima, em 1953, atravessando o rio Doce na balsa, trazida pelos padres pavonianos, sendo acolhida pelo povo, inclusive de Rio Bananal, para onde foi levada.
A imagem em madeira adorna as escadarias da entrada principal do seminário. Foi feita na escola de Entalhação de Imagens Sacras, nas Obras Pavonianos de Vitória, pelo artista Carlo Crepaz, mesmo autor da Imagem em cimento que estampa a fachada principal do seminário.
Lagoa Jesuína é uma das belezas do município
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A lagoa Jesuína é ponto de lazer de muitos frequentadores
Parte da lagoa Juparanã, maior do Brasil em volume d’água está inserida em Rio Bananal. Trata-se da Jesuína, ponto de lazer e divertimento de muitos frequentadores, e fica perto da rodovia que liga Rio Bananal a Linhares. Antes de pontes e estrada, ela era muito usada por aqueles que queriam chegar à região.
Um dos ilustres que por ali passaram foi o padre Anibal Teixeira, pioneiro nas práticas religiosas aos moradores. A lagoa também era utilizada pelas pessoas para transportar materiais de construção, alimentos, vestuário, remédios etc.
Centro Cultural foi criado em 2012
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O Oscip tem como uma das atribuições preservar o patrimônio natural e cultural de Rio Bananal
O Centro Cultural e Museu Nova Fatima (Oscip) foi fundado em 17 de outubro de 2012 e registrado no dia 27 de novembro do mesmo ano. É conhecido como Organização Cultural Ribanense (OCR) e a criação de um museu histórico e iconográfico é um de seus objetivos.
Também são atribuições da Oscip: escrever e/ou viabilizar livro sobre o município e promover a cultura, a tradição e outros aspectos ligados à preservação do patrimônio natural e cultural de Rio Bananal. Trata-se de uma entidade de utilidade pública, conforme lei municipal.
Rampa do Cleiton faz a alegria dos amantes da natureza
Arquivo TERRAL
A Rampa do Cleiton atrai cada vez mais pessoas
Situada em Rio Bananal, na cabeceira de Bananalzinho, a Rampa do Cleiton atrai cada vez mais pilotos de parapente e outros amantes da natureza. A repercussão alcançada projeta o lugar como um dos principais pontos turísticos do município.
Um dos responsáveis pela rampa de voo livre, Claudinei Inocente destaca os pontos de decolagem, as condições de voo, os locais próprios para o pouso de pilotos, equipamentos e passageiros, além de outros aspectos importantes do local.
Município possui quase 20 mil habitantes
Arquivo TERRAL
A sede de Rio Bananal conta com os bairros Santo Antônio e São Sebastião
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022), Rio Bananal possui 19.273 habitantes. Está localizado na microrregião do rio Doce, região norte do Espírito Santo, e possui limites geográficos com outros quatro municípios: ao sul e leste com Linhares; oeste com Governador Lindenberg e norte com Sooretama e Vila Valério.
Conta com uma área de 645,4 quilômetros quadrados, correspondente a 0,98% do território estadual, e está subdividido em dois bairros: Santo Antônio e São Sebastião. dois distritos: São Jorge e São Francisco, e 46 comunidades rurais.
Por ter sido colonizado por descendentes de italianos, a maioria da população é branca (72%), seguida de pardos (23%) e negros (5%). Cerca de 73% da população reside na zona rural e 27% na zona urbana.
Hino, bandeira e brasão de Rio Bananal
Brasão
Bandeira
O brasão e a bandeira de Rio Bananal trazem em destaque a data de emancipação: 14 de setembro de 1979, além de suas riquezas, em especial o café. Também merece destaque o hino do município, cuja melodia e letra são de autoria de Luzimar Caliari Guerra.
Hino de Rio Bananal
Letra e música: Luzimar Caliari Guerra
Oh! Rio Bananal como é linda a tua história, da tua fundação, gravamos na nossa memória.
Dos primeiros imigrantes, homens desbravadores, que sempre nos mostraram os seus grandes valores.
Hoje tu cresces forte, és bonito e altaneiro, em nossos corações, serás sempre o primeiro. Teu povo muito unido, é amigo de verdade, enfrenta com coragem todas as dificuldades.
Tua bandeira e o brasão, que mostram todo o poder de município tão forte, que está sempre a crescer, junto ao teu povo guerreiro, tem como lema vencer.
Oh! Rio Bananal, pra ti eu canto os teus encantos são tantos e tão belos, todos vão se alegrar. Lagoa Jesuína e Ilha do Imperador, das festas e folias que são feitas com amor.
E assim nós te amamos, porque és o nosso lar, nossa terra querida onde vamos plantar. Fazer boas colheitas lá nos lindos cafezais, e ao nosso senhor vamos pedir a paz.
Tua bandeira e o brasão, que mostram todo o poder de um município tão forte, que está sempre a crescer, junto ao teu povo guerreiro, tem como lema vencer.