Daniel Porto - TERRAL
Roque Chile disparou recados para oposicionistas na sessão de segunda (9)
Os vereadores de Linhares lutam por espaço desde o início da atual legislatura. Dos 17, nove estão fechados com o governo municipal e sete são considerados de oposição. A conta não inclui Waldeir de Freitas (PTB), preso no dia 29 de julho, acusado pela polícia de envolvimento na morte do ativista político Jonas Soprani, ocorrida em 23 de junho.
A divisão do legislativo em dois grupos ficou evidente logo após a posse, em 1º de janeiro deste ano, quando por 10 votos a 7 Roque Chile (PSDB) venceu a eleição para presidente para exercer um mandato de dois anos. A vice-presidência ficou com Therezinha Vergna Vieira (Rede) e as secretarias com Egmar Guigui (PSC) e Alysson Reis (DC).
A chapa vitoriosa recebeu os votos de Vicentini e Messias Caliman (ambos do Rede), Fabrício Lopes e Gilson Gatti (os dois do MDB), Valdir Maciel (Podemos) e Waldeir de Freitas (PTB).
O grupo que recebeu sete votos teve Juarez Donatelli (PV) como presidente, Roninho (DC) na vice e Carlos Almeida (PDT) e Edimar Vitorazzi (Republicanos) como secretários. Acompanharam a chapa os vereadores Tarcísio Silva (PSB), Juninho e Antônio César, ambos do PV.
Com o passar dos meses, houve uma ou outra mudança de posição, e Amantino Pereira Paiva (MDB) assumiu a vaga de Fabrício Lopes, nomeado para a Secretaria de Esportes de Linhares.
O clima, que já era acirrado entre os parlamentares, esquentou bastante a partir da sessão do dia 2 deste mês. Na ocasião, a maioria dos vereadores manteve o veto do prefeito Guerino Zanon (MDB) ao projeto que pretendia instituir a Lei da Ficha Limpa Municipal, de autoria dos parlamentares Professor Antonio César e Juarez Donatelli, ambos do PV.
A matéria é considerada de forte apelo popular e havia sido aprovada por unanimidade pela câmara na sessão de 7 de junho passado. Porém, foi vetada pelo executivo por, segundo as suas justificativas, conter vícios de inconstitucionalidade. Levada novamente à votação, a maioria – nove vereadores – manteve a decisão do prefeito, fato bastante explorado pela oposição.
O episódio teve desdobramento na sessão de segunda-feira (9). Ao ocupar a tribuna, Roque Chile disse que ele e os oito vereadores que mantiveram o veto do prefeito não são contra o projeto. “Nós apenas questionamos a sua constitucionalidade, e essa posição deve ser respeitada”, afirmou.
De acordo com Roque, a matéria será aprimorada e elaborada dentro da legalidade para, aí sim, ser aprovada. Disse ainda que o grupo que votou pela manutenção do veto foi exposto “de forma caluniosa e indevida”, em especial nas redes sociais, mas tem a consciência tranquila.
Além de defender o projeto e os vereadores ligados a ele, Roque Chile disparou recados para oposicionistas. Disse que não lhe cabe expor colegas que teriam “telhado de vidro”, mas registrou fatos que, considerando a gravidade, podem ser apurados por órgãos de controle e pela imprensa.
Sem mencionar nomes, o presidente disse que um colega teria tentado mudar uma lei para permitir o acúmulo de cargos e, assim, acomodar aliados em seu gabinete; outro seria responsável por farra de diárias ao passar pelo serviço público; e outro teria familiares envolvidos em superfaturamento em contratos.
Roque Chile não foi contestado durante o pronunciamento – e nem depois. Após defender novamente a elaboração de um projeto que institua a Lei da Ficha Limpa Municipal e os vereadores aliados, ele concluiu, em tom enigmático: “Caros colegas, tenham mais cuidado com as palavras, pois elas ferem, mas o mundo gira”.