Sábado, 7 de dezembro de 2024

As péssimas condições dos rios e lagoas de Linhares

Publicado em 03/05/2023. https://jornalterral.com.br/t-e4N

Daniel Porto – TERRAL

Os rios e lagoas de Linhares apresentam péssimas condições, construções irregulares, lixo e dejetos

Linhares conta com rios e mais de 60 lagoas. No entanto, o que deveria orgulhar os seus moradores causa indignação e vergonha, em razão do descaso e poluição. Os rios, com destaque para o Doce e o Juparanã (Pequeno), apresentam péssimas condições, construções irregulares, lixo e dejetos. O mesmo ocorre com as lagoas, em especial as da sede do município: a do Meio e a do Aviso,

O problema é antigo. No livro Vultos, Fatos & Lendas Linharenses, lançado em 1975, o advogado e escritor Lastênio Calmon Júnior (1909 - 1988) já denunciava a situação. Ao falar sobre o traçado de Linhares, destacou que a beleza do município só podia ser contemplada do fundo dos quintais daqueles que tiveram o privilégio de obter lotes à beira do rio.

Além de criticar o que estava acontecendo no Centro de Linhares, Lastênio Calmon escreveu que na lagoa do Aviso ocorria fenômeno semelhante. “Lotearam os terrenos ali existentes até a margem da lagoa sem que se deixasse uma faixa beirando a água para a futura avenida do Contorno, e o resultado lá está: os quintais vão com suas cercas até a água”.

Ele acrescentou: “Uma feiura grotesca a atestar incapacidade por todos os tempos até que venha um administrador que tire a nossa cidade dessa situação, traçando um grande plano urbanístico, onde se vejam por todos os recantos, praças e avenidas ajardinadas, bosques e ruas de bom gosto”. E concluiu: “Espere, meu Linhares, esse Príncipe Encantado, que um dia há de vir!”.

A morte das lagoas e rios de Linhares também preocupavam a professora, escritora e historiadora Maria Lúcia Grossi Zunti (1941 - 2022). Em texto de sua autoria, publicado pelo TERRAL em março de 2021, ela citou riquezas naturais do município e ressaltou que a Mata Atlântica se foi; o rio Doce está morto e as nossas lagoas estão todas se acabando de tão poluídas.

Maria Lúcia questionava: “Para que temos a Justiça? Para que temos o Iema? Para que temos governadores e prefeitos? Para que temos secretarias de Meio Ambiente? Ibama?”. E completava: “Então, choro aqui como um grito, um grito retumbante, com toda a minha alma e espírito de inenarrável, imensurável inconformidade!”.

Fotos: Daniel Porto – TERRAL

 

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