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A discussão em torno do orçamento para 2024 está dividindo o legislativo de Linhares
Os vereadores de Linhares devem votar na segunda-feira (18) o projeto que trata do orçamento do município para 2024. A matéria estima receita de R$ 1 bilhão e fixa despesas para o próximo exercício financeiro. O assunto divide o legislativo.
Na quinta-feira (14), o presidente Vicentini convocou sessão para as 9 horas, mas apenas ele e mais cinco parlamentares compareceram: Alysson Reis, Egmar o Guigui, Professor Antônio César, Roninho Passos e Tarcísio Silva. Foram registradas, portanto, seis presenças e 11 ausências.
Não foram à sessão: Carlos Almeida, Edimar Vitorazzi, Gilson Gatti, Johnatan Maravilha, Juarez Donatelli, Juninho Buguiu, Messias Caliman, Pâmela Maia, Therezinha Vergna, Urbano Dávila e Tobias Cometti. Vários discordam do montante previsto para o legislativo.
O valor pretendido para 2024, de R$ 27,5 milhões, supera em R$ 7,5 milhões o deste ano, que é de R$ 20 milhões. O grupo liderado por Vicentini defende o aumento por entender que ele é necessário para garantir as ações que pretende realizar no próximo ano.
Há aqueles que pensam diferente. Na sessão de segunda-feira (11), Pâmela Maia afirmou que no ano passado foi possível administrar bem a casa com menos recursos, pagando abono para os servidores, instalando sistema de energia solar, que proporciona economia, e mantendo as contas em dia.
A vereadora acrescentou que a câmara gasta cerca de R$ 1,2 milhão por mês e algo em torno de R$ 15 milhões por ano. Como o orçamento deste ano é de R$ 20 milhões, teria ainda cerca de R$ 5 milhões. “Então não vejo necessidade de querermos mais R$ 7,5 milhões”, destacou.
Gastos com jetons e gratificações repercutem
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Vereadora frisa que a Câmara de Linhares consome mais de R$ 500 mil por ano com jetons e gratificações
Um assunto abordado pela vereadora Pâmela Maia nas últimas semanas repercute no município. Trata-se dos gastos da Câmara de Linhares com jetons e gratificações para servidores contratados. Na sessão de segunda-feira (11) ela voltou a falar sobre o tema.
Pâmela frisou que o legislativo consome mais de R$ 500 mil por ano com jetons e gratificações. “Tem um gabinete que tem despesa de cerca de R$ 19 mil por mês só com jetons”, discursou. A vereadora disse que nunca tinha visto na câmara tanto gasto com jetons.
“Tem servidor com salário de R$ 7,2 mil que está recebendo R$ 11,6 mil por mês, e aí você abre o portal da transparência e não vê de onde é essa diferença salarial. Consta que está havendo gratificação. De onde? De jetons?”, questiona.
Pâmela disse que passou a pesquisar mais o assunto porque, na semana passada, quando conversava com vereadores e servidores sobre demandas do legislativo, observou que havia uma servidora muito exaltada. Aí buscou informações e descobriu que essa servidora é contratada e recebe mais de R$ 7 mil por mês, sendo mais de R$ 2 mil por meio de jetons e gratificações.
De acordo com a vereadora, há vários servidores contratados nessa situação, que têm bons vencimentos e mesmo assim são contemplados com vantagens. Por isso, ela propõe a redução no legislativo de despesas com jetons, gratificações e, se for necessário, com o pagamento de diárias e outros benefícios, para que os servidores efetivos possam ser mais valorizados.
Pâmela ressaltou que vai apresentar um projeto, baseado em outros órgãos públicos, para que as comissões a serem constituídas pela câmara tenham cinco servidores, sendo três efetivos e dois contratados. Na semana passada, um servidor afirmou que levaria o assunto abordado pela vereadora ao conhecimento do Ministério Público, para a devida apuração dos fatos.
Grupos disputam o poder na câmara
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O vereador licenciado Roque Chile esteve à frente da Câmara de Linhares no biênio 2021-2022
O clima tenso que aflige a Câmara de Linhares desde o início da atual legislatura, em 1º de janeiro de 2021, deve ter continuidade nos próximos meses, em razão da nova correlação de forças e da intensa disputa de poder. Neste mandato, nos dois primeiros anos a casa foi presidida por Roque Chile.
Incomodado com a performance de Roque, um grupo de dez vereadores, que se apresentava como independente, uniu forças e apoiou Wellington Vicentini para presidente, vencendo as eleições internas em 13 de dezembro de 2022. O mandato da mesa teve início em 2 de janeiro.
Porém, com o andamento dos trabalhos, o grupo passou a contabilizar menos votos em matérias importantes, culminando com a tramitação do projeto que trata do orçamento para 2024. No momento, o presidente Vicentini conta com o apoio considerado certo de cinco vereadores: Alysson Reis, Egmar o Guigui, Professor Antônio César, Roninho Passos e Tarcísio Silva.
Os quatro vereadores que não estariam mais com o bloco são: Carlos Almeida, Johnatan Maravilha, Juninho Buguiu e Urbano Dávila. Eles teriam se aproximado dos sete vereadores que são afinados com o governo municipal: Edimar Vitorazzi, Gilson Gatti, Juarez Donatelli, Messias Caliman, Pâmela Maia, Therezinha Vergna e Tobias Cometti.
Uma legislatura com cassados, licenciados e candidatos
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Tobias Cometti ocupa a vaga do titular Fabrício Lopes, que assumiu a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer
A Câmara de Linhares experimenta de tudo um pouco desde o início da atual legislatura, em janeiro de 2021: dois vereadores foram cassados, dois se licenciaram e três disputaram as eleições de 2022. Grupos se formaram e se desfizeram, parlamentares trocaram de posição e há intensa disputa de poder.
Dos 17 vereadores que tomaram posse em 1º de janeiro de 2021, quatro não estão na câmara: Valdir Maciel e Waldeir de Freitas foram cassados e Fabrício Lopes e Roque Chile se licenciaram para assumir, respectivamente, as secretarias municipais de Esporte e Lazer e de Turismo e Cultura.
Johnatan Maravilha ocupa o lugar que era de Valdir; Urbano Dávila, o de Waldeir. A vaga de Fabrício ficou inicialmente com Amantino Pereira Paiva, que foi para o Ipasli e abriu espaço para Tobias Cometti. Roque Chile foi substituído por Pâmela Maia.
Três vereadores tentaram alçar voos mais altos nas eleições de 2022. Candidatos a deputado estadual, Roque Chile recebeu 4.724 votos e o Professor Antônio César, 4.235. Tarcísio Silva tentou um mandato na Câmara dos Deputados e obteve 3.446 votos.
Os três foram derrotados – e com votações distantes do necessário para conquistar as vagas pretendidas.