Sexta-Feira, 27 de junho de 2025

Registros sobre o Centro e alguns bairros de Linhares

Publicado em 26/03/2025. https://jornalterral.com.br/t-qy2k

Fotos: Sandro Garcia, Daniel Porto e Arquivo TERRAL

O TERRAL traz registros e curiosidades sobre Linhares

Por Daniel Porto

Muitos leitores buscam informações sobre o Centro e os bairros de Linhares. Atento a esse interesse, o TERRAL traz registros e curiosidades sobre o assunto. A matéria em tela tem como principal referência o Guia Histórico e Geográfico das Ruas de Linhares, lançado em 1995 pela D. Porto Editora.

Fruto de uma iniciativa da Serlihges (Seccional Regional de Linhares do Instituto Histórico Geográfico do Espírito Santo), o livro foi escrito pelos membros: Antonio Bezerra Neto, Arlêne Campos, Maria Cilda Soares da Costa, Maria Lúcia Grossi Zunti, Maria Tereza Lopes, Patrick Mário Calmon Holliday e Therezinha Durão Costa.

Além do Centro, o texto traz informações sobre os bairros Araçá, Aviso, Colina, Nossa Senhora da Conceição e Shell.

CENTRO

Vista e Perspectiva do Povoado de Linhares em 1819

Com ruas amplas e movimentadas, o Centro de Linhares recebeu os primeiros moradores em 1800. Em seguida, para protegê-los dos índios, o governador da Capitania do Espírito Santo, Antonio Pires da Silva Pontes, criou o Quartel Militar de Coutins – além de outros quarteis em localidades capixabas.

O povoado se estabeleceu em volta da praça – mais tarde denominada 22 de Agosto. Atacado por índios em 1808 e reconstruído no ano seguinte, o povoado passou a ser chamado de Linhares, pois, naquele ano, D. Rodrigo de Souza Coutinho, autoridade de Portugal, já tinha o título de Conde de Linhares.

A praça 22 de Agosto é considerada o coração da memória histórica de Linhares e mantém até hoje as mesmas proporções. Ao lado encontra-se a igreja Nossa Senhora da Conceição. Dos lados da praça, as descidas levavam ao porto do rio Juparanã (rio Pequeno) e ao porto do rio Doce.

O traçado do povoado, da praça e da primeira igreja foi perpetuado por meio de uma “Vista e Perspectiva do Povoado de Linhares em 1819”, cujo original pertence ao acerto da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

A rua da Conceição foi por muito tempo a principal de Linhares. Nos primeiros tempos abarcava o comércio e a vida social. Era assim chamada em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, a padroeira.

ARAÇÁ

Aspecto da ponte que liga os bairros Araçá e Interlagos

Situado à margem da BR 101, o bairro Araçá vai até a lagoa do Aviso e fica entre o Centro e os bairros Aviso, Interlagos e Shell. A sua urbanização começou no início da década de 1950. O loteamento pertencia ao senhor Antonio Simplício e foi traçado pelo agrimensor Inimar Rabelo. O nome é proveniente da enorme quantidade de araçás que existiam na região.

Mais tarde, em razão da construção do estádio Guilherme Augusto de Carvalho, do Industrial Esporte Clube, algumas pessoas tentaram mudar o nome do bairro para Industrial, mas a iniciativa não obteve êxito. O estádio foi vendido anos depois, dando lugar ao hipermercado Casagrande.

AVISO

O nome da avenida é uma homenagem ao fazendeiro Filogônio Peixoto

Segundo local a ser povoado em Linhares, o bairro Aviso tem esse nome devido a um posto militar avançado, instalado por volta de 1815, onde ficavam dois militares encarregados de dar o aviso ao povoado quando os índios ameaçavam atacar. A lagoa que margeava o local também ficou com o nome de aviso.

Com o tempo, o local entre a lagoa e o povoado foi desmatado e ocupado, mantendo a denominação do antigo quartel: Aviso. Levantamentos mostram que várias famílias são antigas no bairro: Aires Batista, Campista, Loyolla, Lyrio, Pandolfi, Porto e outras.

De acordo com a Lista Geral de Qualificação dos Votantes da Paróquia e Município de Linhares, às páginas 28 e 29, é possível ler os nomes de moradores do Aviso em 1876.

A principal avenida do bairro é a Filogônio Peixoto, que começa rente a BR 101, perto da ponte Joaquim Calmon, e vai até a rodovia “Paulo Pereira Gomes”, que dá acesso às praias de Povoação, Degredo e Pontal do Ipiranga, além de fazendas.

A avenida é asfaltada, possui mão dupla e canteiro central. Conta em sua extensão com o Sesi, Senai, condomínio Caminhos do Mar, residências, igrejas e diversas lojas comerciais.

O nome da avenida é uma homenagem ao fazendeiro Filogônio Peixoto, irmão do escritor Afrânio Peixoto, que deixou o sul da Bahia e mudou para Linhares em 1917, junto com o cacauicultor Antonio de Negreiros Pego.

Ajudados por Lastênio Calmon, na época vereador, agricultor e madeireiro em Linhares, eles andaram pelo município para escolher terras. Filogônio ficou com uma área mais tarde conhecida como fazenda Maria Bonita, e o Coronel Pego optou por desbravar outro local.

Filogônio Peixoto introduziu um método de plantar cacau e incentivou o seu cultivo, contribuindo para o crescimento econômico de Linhares, que resultaria em sua segunda emancipação, em 1943. Anos mais tarde, a Estação Experimental da Ceplac, situada às margens da BR 101 e do rio Doce foi batizada com o seu nome.

COLINA

A praça Armando Barbosa Quitiba é um dos destaques do bairro Colina

O Colina acompanha uma curva do rio Juparanã (o rio Pequeno) e é um dos mais valorizados de Linhares. O bairro possui muitas lojas e prédios importantes, como o da Câmara Municipal e o da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

Uma parte do bairro foi formada por terras da antiga chácara São Joaquim, que pertencia a Joaquim Francisco da Silva Calmon, falecido em 1908, e depois ao filho Lastênio Calmon.

Lastênio vendeu a chácara para o irmão, Durval Calmon, e sua viúva, dona Julieta de Amorim Calmon, negociou a área com o cunhado, Joaquim Calmon, em 1941. O loteamento foi feito por Joaquim Calmon Filho em 1967.

Na época, ele doou terrenos para o Saae, AABB e para o hospital Talma Drumond Pestana, onde hoje funciona outro equipamento público da área de saúde. A outra parte do bairro Colina foi formada por terrenos pertencentes a herdeiros do senhor Antonio Azevedo Lima.

Um dos destaques do bairro é a praça Armando Barbosa Quitiba, que conta com santuário (área destinada à capela), bancos; área de vivência, playground com piso emborrachado e de areia; pista de caminhada e paisagismo.

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

A avenida Hans Schmoger atravessa o bairro e termina no Três Barras

A área onde está situado o bairro Nossa Senhora da Conceição fazia parte da fazenda Três Barras, pertencente ao senhor Genésio Durão, e foi desapropriada pela prefeitura para que o avião do presidente Getúlio Vargas pousasse em Linhares, para a inauguração da ponte sobre o rio Doce, em 22 de junho de 1954.

Passada a inauguração, o senhor Genésio entrou na justiça contra a prefeitura para reaver o terreno, pois não teria recebido o valor acordado. Ele ganhou a causa 15 anos depois, em 1969, e repassou a área para o irmão, Álvaro Garcia Durão, por considerá-la imprópria para o uso agropecuário.

Álvaro se uniu ao filho Adilson, ao senhor Pedro Gonçalves Pereira e juntos abriram a firma Gonçalves, Durão & Cia., promovendo o loteamento da área. O sócio Adilson Garcia Durão foi o responsável pela venda dos lotes e, atendendo sugestão de sua mãe, dona Castorina Garcia Durão, deu ao novo bairro o nome de Nossa Senhora da Conceição, em 1969.

Uma das principais avenidas do bairro é a Hans Schmoger. Ela começa num aclive meio acidentado ao lado da avenida Barra de São Francisco, atravessa o bairro e termina no Três Barras. É larga, arborizada e possui casas residenciais e pontos comerciais.

Hans Schmoger nasceu na Alemanha pouco antes de 1900 e faleceu em Vitória em 27 de julho de 1965. Vindo para o Brasil, residiu primeiro em Baunilha, distrito de Colatina, mudando-se para Linhares em 1920. Antes, fora 1º tenente do exército alemão; atuou na Primeira Grande Guerra, que ocorreu de 1914 a 1918, e concluiu, ainda na Alemanha, o curso de Farmácia.

Hans veio para Linhares com o irmão Carlos, que ficou por aqui por pouco tempo, retornando ao país de origem. Ele, entretanto, permaneceu. Montou sua farmácia “Progresso” na rua da Conceição e o prédio onde ela funcionou. Alugou casa em frente, onde residiu por uns tempos, até construir sua própria residência que, mais tarde, vendeu para Gastão Calmon.

Com o tempo, Hans passou a ser chamado de João Alemão. Após alguns anos no município, ele retornou à Alemanha para uma visita e lá casou com Margareth, que veio para Linhares mais tarde. João preparou festa para recebê-la e aqui viveram por bastante tempo com a filha que tiveram: Doris.

SHELL

O Shell conta com boa estrutura em diversas áreas

O bairro Shell recebeu esse nome a partir da instalação do Posto Shell Brasília, inaugurado pelo senhor Dagoberto Lempé em 21 de abril de 1960, data da inauguração de Brasília. Anos depois, o posto mudou de nome – e de bandeira.

Uma das principais avenidas do bairro é a Cachoeiro de Itapemirim, que começa no Aviso, passa pelo Araçá e segue para o Shell, contando com canteiro central arborizado até o final. O bairro se destaca na indústria, comércio e na prestação de serviços.

Conta ainda com boa estrutura na saúde, educação, praça, uma ponte que liga o bairro ao Interlagos, pavimentação e drenagem pluvial. E possui um complexo que recebe atividades esportivas, sociais, culturais e de lazer.

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