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Time do Linhares campeão em 1998: bons tempos do futebol local
Linhares precisa de um estádio para receber jogos de futebol profissional. Se for um complexo ou arena multiuso, que contemple modalidades esportivas e até mesmo outras atividades, melhor ainda. O futebol local, que já conquistou cinco títulos estaduais e alcançou projeção nacional, hoje vive em situação precária, por meio do Linhares Futebol Clube.
O município se destacou no futebol profissional capixaba durante décadas. Clubes como América e Industrial fizeram campanhas dignas e dois Linhares – o Esporte Clube e o Futebol Clube – conquistaram títulos estaduais. No entanto, o sucesso de outrora saiu de cena, deixando em evidência o fracasso atual.
O futebol profissional local sobrevive atualmente graças ao esforço de abnegados como Fabiano Eller, Deley Oliveira, Wanderson (Nanico) Lins e Roberto Calmon Felix, entre outros. O quadro piorou com a perda do Estádio Guilherme Augusto de Carvalho, do Industrial, e do Estádio Joaquim Calmon, que era utilizado pelo América.
O América foi fundado em 5 de janeiro de 1951; o Industrial, em 15 de março de 1953. Em 1948 um grupo se reuniu no Salão do João Alemão, no centro da cidade, e criou o América Futebol Clube. A fundação oficial do clube só ocorreria em 5 de janeiro de 1951. E em 15 de março de 1953 foi fundado oficialmente o Industrial Esporte Clube, durante reunião na “Boite Juparanã”.
O surgimento dos dois clubes serviu para fortalecer o futebol no município. Os derbies entre América e Industrial atraíam grande público e movimentavam a cidade. O América reunia membros de famílias tradicionais e era considerado um clube conservador, enquanto o Industrial tinha maior identificação com as camadas populares. Era o time da massa!
A união do América e Industrial em 15 de março de 1991, desfeita anos mais tarde, deu origem ao Linhares Esporte Clube, que conquistou quatro títulos estaduais: em 1993, 1995, 1997 e 1998, e foi muito bem na Copa do Brasil de 1994, perdendo na semifinal para o Ceará. O feito até hoje é o maior de um time capixaba em competições nacionais.
O enfraquecimento do Linhares Esporte Clube abriu espaço para o surgimento do Linhares Futebol Clube, que em 2007 ganhou o campeonato capixaba, dando alegria à torcida. Em todos os casos, os títulos foram conquistados nos estádios Joaquim Calmon e Guilherme Augusto de Carvalho.
Localizados às margens da rodovia BR 101, a menos de um quilômetro de distância um do outro, o estádio Joaquim Calmon, utilizado pelo América, e o Guilherme Augusto de Carvalho, do Industrial, foram palcos de disputas memoráveis. Com o passar dos anos e o crescimento de Linhares, as áreas ficaram mais valorizadas e cobiçadas.
O enfraquecimento dos clubes, a falta de vontade de dirigentes e desportistas, o desinteresse da iniciativa privada e a omissão do poder público contribuíram para que o município não tenha hoje um estádio de porte. E a única equipe profissional em atividade, o Linhares FC, sobrevive em condições desfavoráveis.
Essa parte emblemática da história de Linhares, que durante décadas esteve materializada nos estádios Joaquim Calmon e Guilherme Augusto de Carvalho, agora está restrita às fontes de pesquisa e à memória dos que tiveram o privilégio de participar das trajetórias de América, Industrial e, por último, do Linhares.
Os problemas de gestão custaram em 2003 o Estádio Guilherme Augusto de Carvalho, patrimônio do Industrial que, mergulhado em dívidas, não evitou o leilão na justiça. O comprador foi a rede de supermercados Casagrande, que construiu um hipermercado no local.
Em 2018, herdeiros do ex-prefeito Joaquim Calmon venderam o terreno do Estádio Joaquim Calmon ao grupo Carone, que construiu no local o Superatacado SempreTem. A perda dos dois estádios representa duro golpe no futebol de Linhares – e capixaba. Cabe ao poder público ou a iniciativa privada uma ação efetiva que possa amenizar – ou resolver - a situação.
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